Pesquisa Google

domingo, 7 de outubro de 2007

Tudo tem um inicio...

Da publicação da Revista BiT para a Internet é uma evolução natural de um trabalho que se pretende esclarecedor em relação à facilidade de utilização do Sistema Operativo LINUX.

De facto, como verá, está ao alcance de todos os utilizadores de computadores...

Muitos mitos e receios se têm mantido no que respeita ao Linux e outros Sistemas Open Source... Ao longo das próximas edições, vamos mostrar que afinal existem muitas semelhanças com o Windows.

Utilizações do Linux

Actualmente, o Linux tem diversas e intensivas utilizações: Servidor Web e de Correio Electrónico, Servidor de Ficheiros, Servidor de Impressão, FTP, Firewall, entre outras. Mas não ficamos apenas pelos Servidores. Actualmente, o Linux pode ser utilizado como estação de trabalho, graças aos desenvolvimentos de drivers para hardware e aos ambientes gráficos que o aproximam do ambiente do Windows tão enraizado.

Ou seja, o Linux deixou de ser um Sistema exclusivo de peritos informáticos, para passar a ser utilizado pelos utilizadores finais.

As utilizações do Linux variam em função da natureza dos utilizadores e dos seus objectivos.

Podendo ser utilizado por particulares e empresas, os primeiros normalmente procuram sistemas mais actualizados, com relevo para capacidades Multimédia. Já as empresas optam pela estabilidade e fiabilidade das soluções implementadas.

Por outro lado, o Linux pode ser instalado (como qualquer Sistema Operativo) mas pode ser experimentado sem a instalação no disco rígido, o que é excelente se se pretender experimentar... Neste caso basta colocar no leitor de CD ou DVD o designado “Live CD” e desde que o BIOS esteja programada para arrancar pelo leitor de CD/DVD antes do Disco Rígido, sendo o Linux carregado directamente do CD, sem necessidade de qualquer instalação. O Disco Rígido não é alterado, pelo que o sistema anteriormente existente permanece intocável! Este sistema é diversas vezes utilizado para a recuperação de dados inacessíveis por problemas de arranque do Sistema Operativo. A mesma situação é aplicável para arranque por Memória USB (Pen).

Distribuições: o que são?

Do mundo dos Sistemas Operativos tal como o conhecemos, estamos habituados a uma Empresa que é detentora de um Sistema Operativo (por exemplo, no caso do Windows, este só existe na Microsoft). No Linux, as coisas não são bem assim. Existem várias empresas e instituições (cerca de 200!) que distribuem versões do Linux em função das aplicações incluídas e que podem ter sido (ou não) modificadas para se adequarem aos seus utilizadores. Ao longo dos artigos apresentados, vamos apresentar algumas das principais distribuições nacionais e estrangeiras.

Afinal o Linux não é grátis?

Das Distribuições existentes, algumas são grátis mas outras são pagas.

Normalmente, cada Distribuição tem versões grátis e versões pagas (mas há excepções: algumas são sempre grátis e outras são sempre pagas). As versões grátis servem de balão de ensaio de novas tecnologias (veja-se o caso dos Desktop 3D com cubos e efeitos visuais incríveis), apresentando as versões mais recentes dos programas, sendo por isso mais instáveis. O suporte é conseguido junto das comunidades online que utilizam o mesmo sistema.

Do feedback recolhido com os problemas, criticas e satisfação dos utilizadores, as empresas e a própria comunidade que desenvolve o software têm à sua disposição ferramentas muito mais poderosas de consulta do seu mercado, do que qualquer software Proprietário.

As versões pagas apresentam vantagens em relação às grátis, das quais se destacam o suporte fornecido pela empresa que desenvolve o software e o envio de manuais.

Por outro lado, as versões dos softwares incluídos são mais estáveis, assim como a integração de software é mais facilitada com a inclusão de drivers proprietários de fabricantes de Hardware.

Imagine-se o caso de utilização de uma Distribuição Linux por uma empresa: é preferível pagar uma licença e saber que, se existir um problema, este terá uma resolução rápida. Normalmente, as licenças por si só são baratas e são válidas para mais do que uma instalação (em oposição ao que conhecemos no Windows: uma licença, uma instalação numa única máquina!).

E quem o utiliza?

Uma das questões que eventualmente poderá colocar é esta: e quem o utiliza? A resposta é surpreendente: todos nós!

Senão, vejamos: quando navega na internet e escreve um endereço de um site, começa com http://www, certo? E já reparou que se utiliza o Windows o caminho para um directório é c:\\Windows? Pois é, a diferença está nas barras. O Linux utiliza a barra “inclinada” para a direita (exemplo: system:/users).

O que acontece é que embora existam alguns servidores Web em Windows, a grande maioria é Linux. Por isso, mesmo que indirectamente, todos estamos a utilizar o Linux quando navegamos na Internet.

No entanto, existem inúmeras instituições e empresas que utilizam o Linux em Servidores e em Postos de Trabalho. Destacamos apenas algumas das que recentemente foram noticiadas pelos Meios de Comunicação Social: Ministério da Justiça Português, ICEP, BBVA, Gás Natural de Espanha, UZO, Exército Suíço, Parlamento Francês, Nokia, Peugeot/Citroen (neste caso estão em causa 20,000 Computadores Pessoais e 2,500 Servidores!), Câmara Municipal de Amesterdão e Virgin América.

A Comissão Europeia publicou um relatório de 287 páginas relativo a um estudo denominado “Impacto Económico do Software Livre na Inovação e Competitividade do Sector das Tecnologias de Informação e Comunicação na UE” disponível no endereço http://ec.europa.eu/enterprise/ict/policy/doc/2006-11-20-flossimpact.pdf.

Neste estudo desenvolvido pela UNU-Merit, uma instituição de investigação da “United Nations University” em Maastricht na Holanda, conclui-se que a utilização de Software Livre representa um retorno de 263 biliões de Euros. Destaca-se igualmente uma das conclusões deste estudo, no qual é solicitado aos Governos da União Europeia a adopção do software OpenOffice na Administração Pública e no Ensino, pois verifica-se que a produtividade da sua utilização é tão elevada como a gerada pela utilização de Software Proprietário.

Existem equipamentos com Linux?

Existem diversos equipamentos que utilizam o Linux e quando os utilizamos, muitas vezes nem o notamos...

No caso dos Routers, um bom exemplo é o Fritz!Box. Neste equipamento a interface Web é de tal forma simples que nem se imagina a complexidade que se processa por trás da imagem simples do Browser. Outro caso interessante é o do Linksys WRT54G.

No Japão foi lançado o Leitor de mp3 Wizpy, e o projecto “One Laptop per Child” - uma poderosa ferramenta de aprendizagem criada especialmente para as crianças mais pobres que vivem nos lugares mais remotos, baseia-se no Sistema Operativo Linux. Esta é uma iniciativa que vale a pena conhecer no endereço http://www.laptop.org/.

A Nokia, principal fabricante de telemóveis e equipamentos portáteis, também se rendeu ao Linux e incluiu-o no modelo N770 e no seu mais recente N800. Aliás, nesta área não é a única, também a Motorola lançou o Modelo A910 baseado em Linux e Java. Ainda como curiosidade, está previsto o lançamento de um modelo da Marca OpenMoko, o futurista neo1973.

E se a PS3 pudesse correr Linux? E não é que pode?! Basta utilizar a Distribuição Yellow Dog da Empresa Terra Soft!

Já chega de equipamentos menos “normais” para encontrar o Linux... vamos falar de computadores.

Para o Linux, a rede e a Internet são essenciais. E não é por acaso que o encontramos na maior parte dos Servidores Web que utilizamos quando navegamos na Grande Rede Mundial (www).

Aliás, não só como servidor web (Apache), mas como Servidor de Correio Electrónico, FTP, NAS (Network Attached Storage – um computador que funciona como se um ou mais discos em rede se tratasse) ou VoIP.

OpenSUSE, SLE e Caixa Mágica

Como foi referido, em Linux existem várias Distribuições, mas cada uma delas não faz todo o trabalho de desenvolvimento de raiz.

No caso da Novell, esta empresa desenvolve duas Distribuições: OpenSUSE e SLE. Por sua vez, a portuguesa Caixa Mágica é desenvolvida sobre a SUSE. Nos próximos artigos vamos apresentar Distribuições baseadas em Red Hat e Debian, entre outras.

O OpenSUSE é a distribuição gratuita da Novell. Actualmente a versão disponível é a 10.2, mas já está na calha o lançamento da versão 10.3...

Actualmente a instalação de qualquer Distribuição é muito simples: basta colocar o CD ou DVD e iniciar o computador (não esquecer a necessidade de o BIOS estar programada para arrancar pelo drive, como referido antes). Toda a instalação de software e hardware é automática e quase dispensa a intervenção do utilizador. O único momento “crucial” é a decisão em relação ao particionamento do disco: se não existir qualquer Sistema Operativo instalado, pode optar pela Partição automática. No entanto, se já tem um outro Sistema Operativo e pretende utilizar em simultâneo com o Linux, então deverá escolher uma opção que indique a utilização de uma partição não utilizada ou do espaço livre existente no disco.

Contrariamente ao Windows que pode ser instalado numa partição única, o Linux necessita de (pelo menos) duas partições: a primeira denominada “/” que é a raiz onde será instalado o Sistema Operativo e a segunda denominada “SWAP” que funciona como extensão de Memória Virtual. Em alguns casos é recomendada a utilização de uma terceira partição “Home” na qual se encontram as áreas dos utilizadores. Esta formula de particionamento permite que no caso de uma formatação do disco na reinstalação de Sistema Operativo, nunca se percam os dados dos utilizadores.

Em seguida apenas é solicitada a indicação do idioma pretendido, fuso horário, palavra passe do utilizador “root” e criação de utilizadores do computador. É permitida ainda a instalação de pacotes actualizados via Internet, desde que a ligação seja possível, instalando pacotes mais recentes do que os incluídos no CD.

Nos casos em que o Linux é instalado em conjunto com outro Sistema Operativo, aparecerá um menu inicial no arranque o qual permite ao utilizador a escolha dos Sistema que pretende utilizar. Por defeito ficará um dos sistemas, o qual será iniciado ao fim de alguns segundos, se nenhuma escolha for efectuada.

A instalação do OpenSUSE não foge à regra, e nela é permitida a opção de um Ambiente Gráfico (KDE, Gnome ou “Outro” - nas próximas edições conhecerá melhor estes ambientes gráficos). No entanto, após a instalação inicial é sempre possível acrescentar outros Ambientes Gráficos.

Até nos Ambientes Gráficos encontramos diversidade! Em oposição ao Windows, no qual temos sempre o mesmo Ambiente Gráfico (no limite podemos aplicar Skins para alterar a aparência, mas nunca deixamos de utilizar o mesmo Ambiente...) em Linux podemos optar por vários Ambientes Gráficos e utiliza-los alternadamente no mesmo computador. Se prefere o KDE, mas outro utilizador tem o GNOME como Ambiente, basta iniciar cada qual a sua Sessão e os Ambientes são personalizados.

Todas as versões SUSE e suas derivadas utilizam os pacotes RPM, simplificando a instalação de aplicações, bastando um clique para que as mesmas iniciem a sua instalação. Esta forma de instalação de programas e as alternativas são objecto de análise aprofundada em próximos artigos...

No Ambiente Gráfico KDE, o menu K (similar ao botão iniciar do Windows) foi substituido pelo Kickoff. Esta mudança é comparável com a diferença entre o Menu Iniciar do Windows Xp e o do Windows Vista.

No Kickoff temos 5 áreas distintas: Favoritos, Histórico, Computador, Aplicações, Sair.

Nos Favoritos, o utilizador pode colocar as aplicações frequentemente utilizadas, de modo a facilitar e agilizar o seu acesso.

A secção Histórico apresenta as aplicações, ficheiros e pastas recentemente utilizadas. Assim, esta é alterada de forma dinâmica em função da utilização.

A área Computador possibilita o acesso à Informação e Configuração do Sistema, às pastas pessoais (Pasta Pessoal, Documentos e Rede) e aos discos existentes no computador.

Nas Aplicações, encontramos uma divisão agrupando por tipos os programas instalados (Aplicativos, Escritório, Gráficos, Internet, Jogos, Multimédia, Sistema e Utilitários).

Por fim, o Menu Sair permite Fechar a Sessão, Trancar a Sessão, Trocar de Utilizador, Desligar o Computador ou Reiniciar o Computador (se existir outro Sistema Operativo instalado podemos neste local indicar qual o desejamos no arranque deste reinicio).

No topo do Kickoff encontramos um local para efectuar pesquisas, utilizando a poderosa ferramenta Kerry Beagle, um motor de pesquisas de Desktop a apresentar em profundidade num dos próximos artigos. O resultado das pesquisas é dividido por Aplicações, E-mails, Ficheiros, Histórico de Browser e Documentação. Em cada uma destas áreas aparecem os items com a palavra pesquisada no nome e no conteúdo. Tudo isto com resultados instantâneos!

A utilização deste Ambiente Gráfico é muito intuitiva, principalmente para utilizadores habituados ao Windows.

O OpenSUSE 10.2 vem recheado de aplicações. No Quadro “OpenSUSE 10.2” apresentamos um resumo das principais aplicações constantes desta Distribuição.

OpenSUSE 10.2

Software Incluído:

  • Linux Kernel 2.6.18

  • KDE 3.5.5 (Ambiente Gráfico)

  • GNOME 2.16.1 (Ambiente Gráfico)

  • OpenOffice 2.0.4 (Suite de Produtividade)

  • Koffice 1.6.0 (Suite de Produtividade)

  • GIMP 2.2.13 (Editor de Imagens)

  • Firefox 2.0 (Navegador Internet)

  • Thunderbird 1.5.07 (Cliente de E-mail)

  • Amarok 1.4.4 (Leitor de Multimédia)

  • Kaffeine 0.8.2 (Leitor de Multimédia)

  • Banshee 0.11.2 (Leitor de Multimédia)

  • K3B 0.12.17 (Gravador de CD/DVD)

  • Apache 2.2.3 (Servidor Web)

  • Bind 9.3.2 (Servidor DNS)

  • Samba 3.5.5 (Gestão e partilha Windows)

  • Sendmail 8.138 (Servidor de E-mail)

Relativamente ao SLE (SUSE Linux Enterprise), a versão da Novell mais estável, é direccionada para o mercado empresarial.

Usualmente o mercado empresarial prefere versões testadas e maduras, abdicando das últimas versões de cada uma das aplicações. Por outro lado, esta versão não é gratuita... Os preços variam entre os 47,00 Euros para uma licença anual da Versão Desktop até aos 3113,00 Euros na subscrição da Versão Server para 3 Anos e com Suporte Prioritário.

Em Portugal, a Caixa Mágica (www.caixamagica.pt) desenvolve uma Distribuição Linux baseada em SUSE Linux.

Pode ser obtida através de Download gratuito ou por compra do DVD.

Os preços variam entre os 99,00 Euros para a versão Desktop e 188,00 Euros para a versão Server. A principal vantagem para além do envio dos DVDs e do Manual é o suporte que recebe o titular do Software.

No aspecto gráfico, e independentemente da versão paga ou retirada da Internet gratuitamente, o Caixa Mágica 11 é de facto muito semelhante ao SUSE, mas a sua mais-valia é o suporte (Drivers) que traz nativamente para equipamentos utilizados em Portugal, tais como Modems ADSL, Placas 3G, etc.

Os requisitos mínimos (ver Quadro “Caixa Mágica 11”) mostram que pode ser instalado e utilizado em qualquer computador. No entanto, para que se possa tirar todo o proveito deste sistema, é conveniente uma configuração bastante acima da recomendada...

Caixa Mágica 11

Requisitos Mínimos:

  • Processador Pentium II a 350 Mhz

  • 64 Mb de memória RAM (128 recomendado)

  • Disco rígido com pelo menos 4Gb

  • Leitor de DVD

O que vem a seguir?

No próximo artigo, vamos ficar a saber por que motivo os vírus não são uma ameaça em Linux... Mas, para que servem os Anti-Vírus, se não existem vírus?

Sem comentários: