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domingo, 14 de outubro de 2007

Sistema de Ficheiros em Linux


Quando o utilizador iniciante em Linux se aventura na descoberta do sistema de ficheiros deve, no mínimo, assustar-se.

Os nomes e a organização dos ficheiros e pastas parecem complexos sem uma orientação...

Vamos, neste artigo, apresentar cada um dos directórios que compõem o sistema de ficheiros em Linux.

Embora a perspectiva seja de “utilizador”, em algumas situações será necessário assumir a identidade de root (super-utilizador) para ter permissão de visualização. Note-se que refiro visualização, não em “mexer” no que não sabe ou desconhece!

Para esta “visita” poderão ser utilizados os aplicativos de exploração de ficheiros Nautilus ou Konqueror, nos casos de utilizar o ambiente gráfico GNOME ou KDE, respectivamente.

Relativamente ao Nautilus, deverá efectuar uma configuração de modo a alterar as definições iniciais. Para tal, bastará aceder ao Menu “Locais – Home”, “Editar – Preferências” e seleccionar o separador “Comportamento”. Coloque um visto na opção “Abrir na janela”.

Desta forma, é mais fácil navegar pelo sistema de ficheiros, abrindo as pastas na mesma janela (e não criando uma janela por cada directório visitado) e apresentar um conjunto de botões com todo o caminho desde a raíz até ao directório actual.

Agora que configuramos a visualização, vamos começar a explorar o sistema de ficheiros: basta escolher o Menu “Sistema de Ficheiros” no separador “Locais”.

A primeira conclusão do que se apresenta é que estamos perante um sistema de ficheiros com apenas uma hierarquia. No Windows estamos habituados a ver diversos discos, partições e outros suportes (CD-ROM, DVD, Leitor de Disquetes) identificados por uma letra (C:, por exemplo). Em Linux, estes equipamentos estão inseridos nesta hierarquia única.

No topo desta hierarquia temos a Raíz (/). Normalmente só contém directórios, mas algumas distribuições podem utilizar este local para colocar alguns ficheiros. O utilizador deve abster-se de o fazer, pois tem o seu “cantinho”, como vemos a seguir:

/home

Todos os utilizadores têm um local só seu. Este local é a /home e é dentro deste directório que encontraremos uma pasta para cada utilizador com o seu nome a identifica-la. Assim, a utilizadora Joana encontrará em /home/joana todos os documentos, vídeos, músicas e fotos que guardou enquanto utilizava o ambiente gráfico. As permissões destes ficheiros estão associadas ao utilizador que as criou, o que garante a privacidade dos dados. Ou seja, os documentos da Joana só são vistos, alterados, executados ou eliminados por ela própria (ou pelo super-utilizador). Já sabemos que a excepção é o super-utilizador, o qual acede e vê tudo no sistema... Por outro lado, é possível partilhar estes dados de modo a permitir o acesso a outros utilizadores localmente no computador ou em rede. Basta, para isso, criar partilhas...

Para além dos ficheiros e pastas criadas e guardadas pelo utilizador na sua /home são igualmente encontrados ficheiros de configuração específicos para esse mesmo utilizador, tais como a definição do papel de fundo do ambiente de trabalho, formatos das janelas, configurações e histórico de navegadores web, programas clientes de correio electrónico, entre outros.

Para que seja possível visualizar todos os directórios deverá aceder ao Menu “Ver” e escolher a opção “Visualizar ficheiros e pastas ocultas”. Agora encontrará muito mais informação. Os ficheiros e pastas que se iniciam com um ponto (.Thunderbird, por exemplo) são ocultos e agora estão visíveis. O duplo clique abre estas pastas, tal como se trata-se de uma pasta “normal”.

A pasta Desktop representa o Ambiente de Trabalho do utilizador, pelo que aí encontrará os seus ficheiros, pastas e atalhos.

Podemos associar a pasta /home à pasta “Documents and Settings” do Windows, assim como a /home/utilizador à pasta “Os Meus Documentos”.

/root

O root ou super-utilizador também tem um local exclusivo para si. Mas este não se encontra na /home, mas tem um directório na raíz só dele. De resto, o conteúdo deste directório é semelhante ao dos restantes utilizadores: tem os Documentos, Desktop, etc. Mas é conveniente que não tenha muitos ficheiros, pois isso significará que o computador está a ser utilizado com frequência por este utilizador e isso coloca em risco a segurança do sistema!


/bin

bin” é o diminuitivo de binários, e nesta pasta encontramos uma série de ficheiros executáveis, tais como: ls, rm, cd, mkdir, etc. São os comandos utilizados na linha de comandos quando se efectuam tarefas como listar o conteúdo de directórios ou criar e remover pastas e ficheiros.

Os utilizadores que apenas utilizam o ambiente gráfico utilizam estes mesmos comandos (mesmo sem o saberem) porque as mesmas tarefas geradas com o teclado e o rato de forma tão simplificada para todos nós, desencadeiam os mesmos comandos utilizados na linha de comandos.


/sbin

Em contraste com o /bin, o qual contém aplicações utilizadas no dia-a-dia, o /sbin é o local onde o sistema Linux armazena as aplicações que correm em segundo plano e no arranque.

Poder-se-á equivaler ao \windows\system do Windows.


/usr

Este directório inclui um conjunto alargado de ficheiros e pastas, e à primeira vista, parece redundante em relação ao /bin e /sbin, visto incluir ficheiros que supostamente deveriam localizar-se naqueles directórios.

A distinção que se aplica é centrada no utilizador. Ou seja, em /usr as aplicações não são utilizadas no arranque, nem na manutenção do sistema. Este directório terá o equivalente em Windows no \windows\programas.

Neste caso, se o utilizador instalar uma aplicação que não aparece na barra de programas ou no ambiente de trabalho na forma de ícone, o ideal é começar a procura pelo /usr.

Para além de ficheiros, encontramos sub-directórios. Os nomes podem variar entre distribuições, mas alguns estarão sempre presentes. É o caso do /usr/bin para os binários e o /usr/lib para as livrarias. A divisão em sub-directórios é fundamental devido à grande quantidade de ficheiros que compõem o /usr.


/opt

Onde albergar pacotes não essenciais ao funcionamento do sistema Linux? No /opt! É cada vez mais frequente a instalação de add-ons (suplementos de aplicações) ou programas que até são muito úteis mas não são essenciais para a manutenção do sistema (o leitor de ficheiros PDF, por exemplo). O local mais provável para os encontrar é nesta pasta. Já agora, aquela aplicação que instalou e não aparece, afinal não estava no /usr? Bem, nesse caso, o ideal é continuar a procurar e o /opt é passagem obrigatória!

/mnt

Quando o utilizador coloca um CD ou DVD no leitor, ou quando se conecta um dispositivo de armazenamento USB, o ideal é que apareça no ambiente de trabalho um atalho ou uma nova janela a questionar sobre a tarefa que se pretende efectuar com esse dispositivo (tal como acontece no Windows).

Isto é igualmente possível em Linux! No entanto, poderá acontecer em alguns casos a situação de nada aparecer e nesse caso o que fazer? Se não existe um problema físico no Hardware que impossibilite a ligação do equipamento externo, então muito provavelmente vai encontra-lo na pasta /mnt. Algumas distribuições (como o Mandriva, por exemplo) utilizam o directório /media para o mesmo fim, pelo que poderá confundir alguns leitores que tenham coragem de seguir esta “viagem” aos meandros do Linux com uma “espreitadela” ao seu computador...

Nos computadores com o Windows e Linux instalados em simultâneo, no /mnt poderá ser encontrada a partição do Windows. Mas cuidado: a formatação NTFS e o Linux não foram feitos um para o outro! Embora possamos ver os ficheiros, o ideal é não lhes mexer se não existir mesmo qualquer necessidade.

/etc

Este directório contém grande parte dos ficheiros necessários para o regular funcionamento do sistema. Desse conjunto destaca-se um ficheiro denominado fstab, o qual tem como função indicar ao sistema Linux a localização dos diversos pontos de montagem (estes terão uma explicação mais detalhada em /dev).


/dev

Num dos artigos iniciais desta série havíamos afirmado que em Linux tudo é um ficheiro. E cá vai mais uma prova disso mesmo. No directório /dev (derivado de “device”) encontrará uma série de ficheiros que representam as várias partições do disco rígido (hda1, hda2, ...), leitores de disquetes (fd0), CD e DVD (cdrom) e discos usb (sdc1, sdc2, ...).


/proc

Os Processos em Linux têm extrema importância. Se este nome não lhe diz nada, contacte a BiT e compre já a edição de Agosto de 2007, onde lhe explicamos o que são Processos e porque são os responsáveis pela imunidade do Linux a Vírus!

Assim, nesta pasta estão registados todos os processos que estão a correr no Sistema Operativo, seja uma janela do Firefox ou um documento de texto do OpenOffice. O que significa que os dados que encontrar neste momento após uma reinicialização deixarão de existir.


/var

Este directório serve de intermediário entre as aplicações e periféricos (impressoras, entre outros). Não é muito interessante planear uma visita até aqui, pois não?

/boot

Logo a seguir à raíz (/) este é o directório que o sistema vai procurar de imediato no arranque. Aqui encontra-se o gestor de arranque (GRUB ou LILO) e é igualmente aqui que o Linux mantém o Kernel. Deixe este directório em paz!


/lib

Qualquer leitor que nos acompanha já sofreu com as DLL do Windows, certo? Bem, DLL significa “Dynamic Linked Library” e em Linux temos algo semelhante: as livrarias. Uma livraria é um ficheiro que permite o funcionamento de aplicações, daí se referir recorrentemente as dependências de aplicações. Essas dependências são as livrarias e/ou outras aplicações que determinado programa necessita para funcionar devidamente.


/lost+found

Quando perdemos alguma coisa normalmente recorremos aos perdidos e achados. Com sorte as nossas coisas foram encontradas por alguém honesto que as entregou a estes serviços.

Em Linux, quando acontece um problema que obrigue o computador a desligar abruptamente (corte de energia, por exemplo) os dados que não foram guardados no seu devido lugar no disco provavelmente estarão nesta pasta.

Assim, quando o sistema recupera de uma quebra irregular corre um aplicativo denominado fsck, o qual vai procurar ficheiros corrompidos, repara-os e coloca-os na pasta /lost+found.


/tmp

Existem sempre diversos ficheiros temporários que o sistema necessita na sua actividade normal. Em Windows temos o Temp e em Linux temos o /tmp. O ideal é não colocar nesta pasta ficheiros que pretenda garantir a permanência depois de uma reinicialização, pois o mais certo é já lá não estarem...


Agora que já conhece o sistema de ficheiros de Linux, convido-o a conhecer na próxima edição as aplicações de Gestão de Arquivos Konqueror e Nautilus.

Instalação de aplicações em Linux


Já sabemos que as instalações de Linux vêm recheadas de aplicações para todos os gostos. Mas ninguém vai utilizar para toda a vida aqueles programas instalados de base no sistema operativo sem os actualizar, ou até mesmo instalar outros que sejam da preferência particular.

Existem diversas formas de instalação de software em Linux, e tudo depende da aplicação a instalar, da distribuição que utilizamos e do formato do ficheiro instalador.

As alternativas variam entre os instaladores da distribuição de Linux, ficheiros com extensões .rpm ou .deb ou instalar utilizando o código-fonte.

Esta análise que apresentamos da instalação de aplicações em Linux, não é exaustiva, mas pretende-se que sirva como suporte de compreensão dos mecanismos, o que implica o recurso ao manual da distribuição utilizada para instruções concretas a cada caso.

As distribuições disponibilizam servidores (denominados repositórios) com milhares de ficheiros de instalação para que os processos possam ser automatizados. Basta efectuar uma pesquisa por nome ou tipo de aplicação numa janela do ambiente gráfico para que, com um clique esta seja instalada. No caso de existir a necessidade de assegurar as dependências dos ficheiros lib (o equivalente aos conhecidos dll no Windows), estes são instalados em simultâneo com a aplicação, se não existirem previamente no sistema. Assim, é garantida a instalação de software compatível com o sistema que utilizamos e com a fiabilidade de ser disponibilizado pelo fabricante da distribuição que utilizamos. Bem mais fácil do que esperava (principalmente vindo do Linux), não?

Existem vários repositórios das distribuições, em função das aplicações disponibilizadas, desde os repositórios Main, Contrib, Non-Free, entre outros. No entanto, é sempre possível utilizar repositórios de terceiras entidades, desde que lhes reconheça fiabilidade para tal... Poderá recorrer a terceiros em situações que necessite de drivers proprietários de fabricantes de hardware ou aplicações que não estejam disponíveis no repositório original da distribuição.

O primeiro passo para garantir o sucesso na instalação de software é a verificação dos repositórios que estão configurados de origem. Normalmente, são os do fabricante da distribuição Linux que utiliza, o que é o ideal numa fase inicial.

Para isso, basta abrir a aplicação de Gestão de Software. A localização varia de acordo com as distribuições, no entanto apresentamos alguns exemplos nas imagens que acompanham este artigo. Como sempre acontece em Linux, também poderá realizar estas tarefas na linha de comandos, mas para isso necessitaria conhecer o nome exacto do ficheiro instalador, o que não é muito prático e exige alguma destreza extra.

Se apenas tem os repositórios de origem e gostaria de se aventurar a aumentar as fontes de instalação de software do seu Linux, basta aceder à internet e numa simples pesquisa encontrará a ajuda que necessita.

No programa de gestão de software poderá instalar, actualizar e remover as aplicações, bastando para tal, colocar o nome do programa no campo de pesquisa, ou em alternativa, navegar pelas famílias de aplicações até encontrar o que procura.

Com a utilização deste recurso é garantido que instalará software especificamente desenvolvido para a versão da sua distribuição. Apenas terá que ter em atenção se opta pela plataforma correcta do seu computador (32 ou 64-bit).

Mas acontece com alguma frequência que o programa que pretendemos instalar não está disponível nos repositórios da distribuição... Nestes casos, basta pesquisar os ficheiros de instalação na página do fabricante (ou outras que o disponibilizem).

Existem diversas possibilidades de tipos de ficheiros de instalação, dependendo da distribuição. Se na página que disponibiliza o ficheiro existe a indicação de cada uma das possíveis distribuições e respectiva versão, óptimo! Se não for esse o caso, terá que saber quais os ficheiros que podem ser instalados no seu computador.

As possibilidades podem passar por ficheiros .rpm, .deb, ou tar (comprimido). Vamos analisar a utilização de cada um deles.

Os ficheiros RPM (Redhat Package Management) são utilizados em distribuições Red Hat, Suse, Mandriva, Caixa Mágica, entre outras, e apresentam a extensão .rpm.

Se procura alguma aplicação em particular e tem dificuldade em encontrar, poderá pesquisar no endereço www.rpmfind.com, bastando introduzir o nome do programa pretendido!

Para se proceder à sua instalação basta clicar com o rato no ficheiro no ambiente gráfico – nada mais fácil... Mas se fosse para aprender isto, não necessitaria ter lido este artigo até aqui, não é? Bem, vamos lá à linha de comandos instalar este ficheiro: deverá desde logo assumir-se como root (su), pelo que lhe será solicitada a palavra-passe respectiva. Agora, para instalar este tipo de ficheiro, basta escrever “rpm -i nomedoficheiro.rpm”, onde o -i significa “instalar”. Fácil, não? Já agora, para actualizar um programa o comando é “rpm -Uvh nomedoficheiro.rpm” e para o desinstalar basta escrever “rpm -e nomedoficheiro.rpm” (o -e significa “erase” - apagar).

Na pior das hipóteses o que pode acontecer é durante a instalação destes pacotes aparecer um (ou mais) erros de dependências, recusando-se a prosseguir. Neste caso, deverá tomar nota da aplicação em falta, e tratar de a instalar através do software da distribuição. Quando isso estiver concluído, poderá tentar instalar o pacote RPM novamente.

No caso de ficheiros .deb (derivados de Debian – Ubuntu, Debian, etc) o comando será “dpkg -i nomedoficheiro.rpm”. Em qualquer dos casos necessitará assumir a identidade de root, seja pelo comando su seguido da palavra-passe, ou de sudo, dependendo da distribuição.

Por fim, poderemos apenas ter acesso ao código-fonte da aplicação, o que significa que o teremos que recompilar. Esta sim, é a forma mais complicada de instalar aplicações em Linux.

Antes de avançar mais, vamos esclarecer um ponto: os ficheiros .tar são ficheiros comprimidos, tal como conhecemos os .zip no Windows (estes .zip também funcionam em Linux, claro!). As aplicações disponibilizadas em Código-Fonte estão normalmente comprimidas, pelo que teremos que as descomprimir desde logo.

Em Linux existem duas possibilidades de compressão: Gzip (ficheiros com as extensões .tar.gz ou .tgz) e Bzip2 (ficheiros .tar.bz2 ou .tbz2). O comando para cada um deles é diferente:

tar xzvf /home/ficheiro.tgz
tar xjvf /home/ficheiro.tbz2

O resultado de qualquer um destes comandos é a criação de uma pasta com o nome da aplicação (neste caso seria “ficheiro”) dentro do qual se encontrarão os ficheiros descomprimidos. Assim, na linha de comandos bastará escrever “cd /home/ficheiro” para entrar na pasta criada, e “ls -l” para listar o seu conteúdo.

Normalmente, encontrará um ficheiro “readme.txt” ou “leiame.txt” com as instruções de instalação da aplicação.

Por fim, os três últimos comandos para recompilar a aplicação:

./configure
make
su -c “make install”

A última linha solicita a introdução da palavra-passe de root para que possa prosseguir. No caso de já se encontrar a trabalhar como root, nessa linha apenas necessita escrever “make install”.

É comum o aparecimento de um ou mais erros na execução destes três comandos, devido à falta de dependências, ou seja, outros ficheiros ou aplicações que são necessárias para o nosso programa funcionar. É usual a indicação das dependências de cada aplicação no site dos seus fabricantes.

Nesses casos, deverá instalar os ficheiros em falta antes de voltar a correr os três comandos indicados.

Não deverá esquecer de deixar de ser root, escrevendo o comando “exit” na linha de comandos, quando terminar o processo de instalação.

A instalação de aplicações em Linux é muito simples, e na maior parte dos casos, podemos mesmo afirmar que é bem mais fácil do que no Windows. Quantas vezes procurou o ficheiro instalador de uma aplicação e não encontrou? No Linux, basta escrever o nome no programa de instalação e já está!

Agora que está quase um “Mestre” em Linux, vamos ajudar a compreender a estrutura de ficheiros e descobrir onde se escondem os discos, leitores e gravadores de CD e DVD e Disquetes.

Onde param o “C:”, o “A:”, o “D:” que me habituei a utilizar? A resposta estará no próximo artigo!

Migração de Windows para Linux


Na migração de postos de trabalho ou de Servidores de Windows para Linux, a planificação é a principal etapa de todo o processo.

Em ambientes organizacionais, a participação da direcção garante os apoios necessários para o sucesso da migração, quer ao nível não só financeiro, mas da estratégia a delinear.

Poderá desde logo testar várias distribuições através do Live CD, de modo a utilizar sem interferir com o disco rígido do computador. Desta forma, poderá experimentar e decidir qual o Linux que mais agrada ou possíveis problemas de compatibilidade com o seu hardware.

O facto de a maioria das aplicações Windows não poderem ser instaladas em Linux é um factor da maior importância. No entanto, encontrará mais do que uma alternativa de aplicações desenvolvidas para Linux para realizar as mesmas tarefas. É fundamental a pesquisa prévia das possíveis aplicações que necessitará, para que o planeamento facilite a migração.

No caso de trabalhar com o Office da Microsoft encontrará várias alternativas à altura: OpenOffice, KOffice, entre outras. A compatibilidade dos formatos está bastante desenvolvida, permitindo a leitura e criação de documentos com a extensão .doc ou .xls nestas suites, possibilitando a partilha com utilizadores que apenas disponham do Office. Deverá ter algum cuidado com a migração destes documentos, pois não raras vezes a utilização de documentos, embora seja possibilitada, não mantém formatações efectuadas na suite de produtividade da Microsoft. Se trabalha edição de imagens, o Gimp cobre a maior parte das necessidades.

O Instant Messaging (vulgo Messenger) não foi esquecido e em Linux poderá continuar a utilizar este meio de comunicação! Existem diversas aplicações, entre as quais destacam-se o GAIM e o Kopete e, ao contrário do que acontece no Windows onde cada protocolo tem a sua aplicação, aqui podemos associar vários serviços numa das aplicações referidas. A compatibilidade com inúmeros serviços permite a utilização de uma aplicação que nos conecta ao MSN, Jabber (Google Talk), IRC, ICQ, AIM, Yahoo e até a servidores de envio de SMS!

O correio electrónico e a Agenda tão utilizados no Outlook da Microsoft encontram os seus pares no Linux em programas como o Thunderbird ou Kmail, mas estes não têm a função de agenda, pelo que a utilização de uma aplicação especifica, como o Kontact, será necessária. Aliás, se utilizar o Kmail, o Kontact integra o cliente de correio electrónico de forma a ser utilizado com uma Suite semelhante ao Outlook da Microsoft.

Outras aplicações, para os mais variados fins, estão disponíveis em Linux... Nada como pesquisar e com toda a certeza encontrar!

Migrar ficheiros e configurações são das tarefas mais trabalhosas na migração entre sistemas. A distribuição XandrOS (www.xandros.com) inclui software que permite ao utilizador migrar documentos, musicas, imagens, Instant Messaging, favoritos e livros de endereços para o Linux. Aqui está mais um motivo de valorização de uma distribuição que não é grátis, mas disponibiliza ferramentas úteis ao utilizador. Mas como estamos a falar de Open Source, também a mais recente versão do Ubuntu (7.04) disponibiliza a “Ferramenta de Migração do Windows” (Imagem migrarubuntu.jpg). Este tipo de ferramentas facilitadoras para o utilizador final serão certamente integradas nas próximas versões da generalidade das distribuições Linux, sejam pagas ou grátis.

Uma das maiores preocupações para o mercado empresarial é a utilização de software de Gestão Comercial. De facto, qual é a empresa que vive sem facturar? Neste âmbito, a solução passa pela utilização de software que permita a utilização de qualquer Sistema Operativo. A maior parte dos programas de gestão comercial disponibilizados apenas funcionam em ambiente Windows. Nestes casos, existem duas alternativas: ou se continua a utilizar esse programa recorrendo a soluções de virtualização ou a empresa efectua a migração para uma aplicação que suporte qualquer sistema operativo.

No primeiro caso, poderá recorrer ao Wine HQ (http://www.winehq.org) o qual permite utilizar o Windows no Linux. Não devemos esquecer que a performance do computador nunca poderá ser a mesma pois estamos a utilizar dois sistemas operativos em simultâneo.

A alternativa passa por utilizar software que não dependa do sistema operativo. Isto é conseguido com o recurso à tecnologia web. Para tal, basta a instalação da aplicação base em MySQL (Base de Dados Open Source) e Apache (Servidor Web) de modo que qualquer computador poderá aceder à aplicação como se uma simples página internet se trate. O computador onde a aplicação está instalada poderá localizar-se no interior da empresa ou num servidor Internet (juntamente com a página de internet da empresa). Desta forma, o acesso à aplicação poderá ser conseguido dentro e fora da empresa, sem que seja necessário instala-la em todos os computadores. Paralelamente, o desenvolvimento de software à medida das necessidades das empresas, com base na mesma tecnologia, permite a criação de portais web, permitindo convergir o trabalho de fornecedores, colaboradores e clientes das empresas.

Nos servidores que normalmente correm os sistemas operativos da Microsoft poderão ter instaladas outras aplicações específicas (Exchange, Internet Security & Accelaration, SQL SERVER, entre outras). O Linux tem já integradas todas estas funcionalidades, reduzindo o custo efectivo da sua utilização. Por outro lado, em Servidores Windows deverá ser ainda paga uma CAL (Client Access License) por cada computador que se ligue ao servidor, situação que não existe em Linux...

A migração de Windows para Linux pode ser automatizada através de aplicações como LSP, a qual transfere pastas, utilizadores, grupos, permissões, passwords, entre outras funcionalidades.

Caso opte por não utilizar a solução automatizada, poderá transferir de forma manual. Nesse caso, depois de o servidor em Linux estar devidamente instalado e configurado, basta criar utilizadores, grupos e passwords e migrar os dados de cada um e dos grupos. Esta situação não deverá ser aplicada em situações que existam centenas de utilizadores.

Uma outra questão a estudar deverá ser a utilização do hardware, sendo que há que optar entre utilizar o já existente ou novo especificamente para o Linux. Tudo depende do que já existe e da distribuição a escolher, devido ao suporte que deverá ter para o hardware. Os conhecimentos da equipa técnica da Organização relativos à distribuição devem ser igualmente tidos em conta para esta escolha.

A migração não deve ocorrer em toda a organização de uma só vez. Teste com alguns utilizadores de modo a verificar os constrangimentos que possam existir na utilização das aplicações, devido às diferenças que normalmente existem entre programas e plataformas.

Os utilizadores de computadores não têm as suas necessidades iguais, daí que é muito importante a identificação dos diversos grupos, de modo que se possa analisar as suas necessidades especificas de hardware e software, para que o Linux possa responder da melhor forma possível a cada um deles. A escolha de uma amostra de indivíduos de cada grupo para testar a solução a implementar, permitirá despistar a maior parte dos problemas que, de outra forma, a Organização iria sentir no seu todo, resultando na sua paragem completa!

Posteriormente, na fase da implementação, a migração deverá ser efectuada por departamentos e não apenas a alguns indivíduos.

Uma questão muito negligenciada é a formação. Não se pretende que os utilizadores sejam peritos em Linux, mas a formação é um aspecto que não deve ser descurado... As mudanças são sempre problemáticas para os utilizadores, e, a agravar este facto, a falta de competências para trabalhar com um sistema e ambiente diferentes pode resultar em grande resistência por parte dos utilizadores.

Finalmente, estando a fase de implementação completa, apenas se deverá cuidar da manutenção normal, tal como antes mas com uma certeza: a plataforma que utiliza é mais estável, barata e segura!


Na próxima edição veremos como instalar software em Linux pode ser tão ou mais fácil do que em Windows.

domingo, 7 de outubro de 2007

A terrível linha de comandos

O recurso à linha de comandos em Linux é inevitável para qualquer utilizador, mesmo não tendo como tarefa a administração do sistema.

Tendo consciência da aversão à linha de comandos pelos utilizadores habituados ao ambiente gráfico, vamos apresentar algumas utilizações simples desta ferramenta essencial.

O Linux é um sistema operativo multi-utilizador, pelo que, cada utilizador deverá ter uma conta no seu computador. Durante a instalação é solicitada a indicação de, pelo menos, um utilizador, sendo necessário indicar o nome verdadeiro, nome de utilizador e palavra-passe. No nome verdadeiro, poderá ser colocado o que bem entender, mas nos campos do nome de utilizador e palavra-passe, convém algum cuidado para não os esquecer, de modo a poder utilizar o sistema, assim que a instalação seja concluída.

Quando o utilizador é criado, um grupo de trabalho é igualmente criado. Cada grupo poderá conter um ou mais utilizadores, em função das permissões iguais a atribuir a todos os utilizadores do grupo. Por outro lado, os utilizadores poderão pertencer a mais do que um grupo.

Se o utilizador aceder à linha de comandos a partir da sua área de trabalho do ambiente gráfico, não necessita de autenticação, pois este linha de comandos já se encontra associada ao seu utilizador.

Existe ainda um outro utilizador, ou melhor, um Super-Utilizador, o qual tem todos os poderes para efectuar qualquer tarefa e aceder a todos os ficheiros no computador. Durante a instalação do Linux é solicitada a indicação da palavra-passe deste super-utilizador, também referenciado como su ou root. A sua utilização deverá ocorrer pontualmente e apenas quando indispensável e nunca como regra.

Algumas tarefas são exclusivas do root, pelo que, quando um utilizador normal as tenta executar, recebe a informação que não dispõe de permissões suficientes e que deverá ser o root a executa-las. Se se tratar de uma tarefa a decorrer no ambiente gráfico, surge uma janela a solicitar a introdução da palavra-passe do root. Neste caso, terminada a tarefa, o root deixa de estar “activo” mantendo-se o utilizador normal a trabalhar. No entanto, quando utilizamos a linha de comandos e é necessária a intervenção como root, basta digitar su seguida da tecla Enter na linha de comandos. É solicitada a introdução da palavra-passe do root, a qual ao ser escrita não faz qualquer efeito, sendo portanto normal, que não apareçam asteriscos. Basta carregar na tecla Enter novamente e fica registado como root.

Uma característica distintiva do root é o facto de apenas este super-utilizador ter um cardinal (#) na linha de comandos. Quando o trabalho especifico de root termina basta digitar exit e voltará a assumir o seu utilizador normal. Nunca é demais lembrar que a utilização do root deverá ser cuidadosa pois um simples engano pode deitar tudo a perder!

Aparência da linha de comandos em função do utilizador
Utilizador normal
miguel@portmiguel:~>
Super-Utilizador
portmiguel:/home/miguel #

Em algumas distribuições (como o Ubuntu, por exemplo) optaram por permitir aos utilizadores o acesso ao root apenas para um comando, voltando a assumir o utilizador normal de imediato. Para tal, basta digitar sudo (super-utilizador faz) seguido do comando pretendido. Desta forma, é garantido que nunca se esquece de assumir o seu utilizador e ficar muito mais protegido.

No Linux todos os ficheiros e directórios são associados à pertença de um utilizador e de um grupo de trabalho. Desta forma, o proprietário pode definir as permissões para cada ficheiro ou directório.
As permissões são sempre associadas a três categorias de utilizadores: o proprietário, os membros do grupo e os restantes utilizadores (outros).

Em paralelo, é possível associar três níveis de permissões a cada categoria de utilizadores: a Leitura (“r” -read) permite ao utilizador ler o ficheiro ou listar o conteúdo do directório; a Escrita (“w” - write) permite ao utilizador a modificação do conteúdo do ficheiro e no caso do directório, permite a criação e remoção de ficheiros, mesmo não sendo proprietário dos mesmos; por fim a Execução (“x” - execute) permite a execução do ficheiro, tratando-se de um ficheiro que possa ser executado. Nos directórios esta permissão significa que é possível aceder ao seu conteúdo e prosseguir por sub-directórios. É de salientar que na permissão leitura o acesso a sub-directórios não é possível.

Todas as combinações são possíveis, de modo a indicar para o proprietário, grupo e outros utilizadores as permissões de leitura, escrita e execução de cada ficheiro e directório.

O comando utilizado em Linux para listar o conteúdo de um directório é ls e normalmente é seguido do argumento -l para que seja listado com detalhes. Assim, o comando ls -l lista com detalhes o conteúdo do directório onde se situa na linha de comandos.

Vamos apresentar dois resultados possíveis de obter:

-rwxr-xr-x 1 miguel users 140211 2007-01-03 05:15 corrector thunderbird-PT.xpi
drwx------ 5 miguel users 4096 2007-05-26 11:07 Desktop

De seguida, analisamos o conteúdo destas linhas da esquerda para a direita:

os dez primeiros caracteres representam o tipo de ficheiro e as suas permissões. Assim, o primeiro caracter indica se se trata de um ficheiro (-), um directório (d), um link (l), um dispositivo do tipo carácter ou bloco (c ou b) ou sockets ou pipes (s ou p). Os seguintes nove caracteres indicam as permissões associadas ao proprietário, ao grupo e aos outros. Como já vimos, as permissões podem assumir três possibilidades (r/w/x) e no caso de determinada permissão não ser aplicável, lo local da letra é apresentado o travessão (-).

-

r

w

x

r

-

x

r

-

x

tipo

proprietário

grupo

outros


O campo numérico seguinte indica o número de ligações existentes para o ficheiro ou directório;

De seguida, são apresentados o nome do proprietário e do grupo a quem pertence o ficheiro ou directório;

Finalmente, é indicado o tamanho em bytes, a data e hora da última modificação e a indicação do nome do ficheiro ou directório.

Não obstante as permissões indicadas, o root tem sempre as permissões absolutas sobre todo e qualquer ficheiro ou directório, podendo inclusive alterar as permissões dos mesmos, quer em relação a mudança de proprietário e/ou grupo, quer em relação aos níveis (r/w/x).

Uma questão igualmente importante diz respeito aos nomes dos ficheiros. Por um lado, o facto de existir a diferenciação entre letras maiúsculas e minúsculas permite que em Linux os ficheiros nome.doc e Nome.doc sejam dois ficheiros diferentes. Por outro lado, os ficheiros ocultos apresentam no inicio do seu nome um ponto (.), exemplo: .nome.doc. Sempre que se pretenda listar o conteúdo de um directório incluindo os ficheiros ocultos deverá ser utilizado o comando ls -la onde o argumento “a” indica a apresentação dos ficheiros ocultos. Para mais informação sobre este comando, basta escrever man ls na linha de comandos.

Uma curiosidade interessante do Linux é o facto de não ser obrigatória a utilização de extensões nos ficheiros, sendo a sua utilização facilitadora na associação a aplicações por parte dos utilizadores.

E os vírus em Linux?

Em Linux, a cada instância de um programa em execução e ao seu ambiente é denominado de Processo.

A cada processo é associado um utilizador, o qual tem as suas permissões definidas para o ficheiro em causa. Paralelamente, o sistema atribui uma identificação única a cada processo, sabendo sempre qual o utilizador que o iniciou e quais as suas permissões. Devido a este facto, o Linux consegue ser virtualmente imune a vírus, pois estes para actuarem necessitam infectar ficheiros executáveis de relevância para o sistema, os quais não têm nas suas permissões os privilégios necessários associados a utilizadores normais.

No entanto existem anti-vírus para Linux...! Este facto deriva da necessidade de garantir que não se infectarão os computadores com Windows com os quais o Linux comunique. Vejamos os casos de servidores Linux que servem postos de trabalho em Windows: o próprio servidor pode (e deve) garantir que os ficheiros armazenados e disponíveis para os postos Windows não estão infectados.

Como vimos, a linha de comandos apresenta na sua fase inicial uma linha do tipo [miguel@portmiguel:~>]. Isto significa que o utilizador miguel está a utilizar o computador denominado “portmiguel”.

A localização da linha de comandos quando iniciada é a /home do utilizador. O comando “cd” permite mudar de directoria (tal como no DOS), pelo que o comando cd nome, transfere a linha de comandos para a pasta /home/nome. Sempre que se pretenda passar para o directório imediatamente acima da localização actual, é utilizado o comando cd .., pelo que este comando no nosso exemplo colocar-nos-ía novamente em /home.

Por fim, o comando cd – leva-nos para o último directório que visitamos e cd ~ é um atalho para que independentemente da localização actual nos colocar na /home/nome.

Existem várias opções de comandos, e o ideal é recorrer ao manual que o próprio Linux disponibiliza na linha de comandos. Para tal, se pretender conhecer todas as possibilidades do comando ls, basta executar man ls seguido da tecla Enter, e é apresentada de imediato a página do Manual deste comando.

Consolas Virtuais

Uma das possibilidades mais interessantes da utilização do Linux é a multitarefa.

Cada utilizador pode efectuar o login diversas vezes em consolas e em ambiente gráfico! Mas deverá ter em atenção os recursos do computador necessários para a execução de vários Ambientes Gráficos.

Normalmente estão disponíveis seis consolas virtuais, basta pressionar as teclas Ctrl+Alt+F, onde n é o número da consola que se pretende aceder. Por defeito, a consola 7 está associada à interface gráfica. assim, caso se pretenda aceder à 3ª consola, dever-se-á pressionar as teclas Ctrl+Alt+F3.

Tudo tem um inicio...

Da publicação da Revista BiT para a Internet é uma evolução natural de um trabalho que se pretende esclarecedor em relação à facilidade de utilização do Sistema Operativo LINUX.

De facto, como verá, está ao alcance de todos os utilizadores de computadores...

Muitos mitos e receios se têm mantido no que respeita ao Linux e outros Sistemas Open Source... Ao longo das próximas edições, vamos mostrar que afinal existem muitas semelhanças com o Windows.

Utilizações do Linux

Actualmente, o Linux tem diversas e intensivas utilizações: Servidor Web e de Correio Electrónico, Servidor de Ficheiros, Servidor de Impressão, FTP, Firewall, entre outras. Mas não ficamos apenas pelos Servidores. Actualmente, o Linux pode ser utilizado como estação de trabalho, graças aos desenvolvimentos de drivers para hardware e aos ambientes gráficos que o aproximam do ambiente do Windows tão enraizado.

Ou seja, o Linux deixou de ser um Sistema exclusivo de peritos informáticos, para passar a ser utilizado pelos utilizadores finais.

As utilizações do Linux variam em função da natureza dos utilizadores e dos seus objectivos.

Podendo ser utilizado por particulares e empresas, os primeiros normalmente procuram sistemas mais actualizados, com relevo para capacidades Multimédia. Já as empresas optam pela estabilidade e fiabilidade das soluções implementadas.

Por outro lado, o Linux pode ser instalado (como qualquer Sistema Operativo) mas pode ser experimentado sem a instalação no disco rígido, o que é excelente se se pretender experimentar... Neste caso basta colocar no leitor de CD ou DVD o designado “Live CD” e desde que o BIOS esteja programada para arrancar pelo leitor de CD/DVD antes do Disco Rígido, sendo o Linux carregado directamente do CD, sem necessidade de qualquer instalação. O Disco Rígido não é alterado, pelo que o sistema anteriormente existente permanece intocável! Este sistema é diversas vezes utilizado para a recuperação de dados inacessíveis por problemas de arranque do Sistema Operativo. A mesma situação é aplicável para arranque por Memória USB (Pen).

Distribuições: o que são?

Do mundo dos Sistemas Operativos tal como o conhecemos, estamos habituados a uma Empresa que é detentora de um Sistema Operativo (por exemplo, no caso do Windows, este só existe na Microsoft). No Linux, as coisas não são bem assim. Existem várias empresas e instituições (cerca de 200!) que distribuem versões do Linux em função das aplicações incluídas e que podem ter sido (ou não) modificadas para se adequarem aos seus utilizadores. Ao longo dos artigos apresentados, vamos apresentar algumas das principais distribuições nacionais e estrangeiras.

Afinal o Linux não é grátis?

Das Distribuições existentes, algumas são grátis mas outras são pagas.

Normalmente, cada Distribuição tem versões grátis e versões pagas (mas há excepções: algumas são sempre grátis e outras são sempre pagas). As versões grátis servem de balão de ensaio de novas tecnologias (veja-se o caso dos Desktop 3D com cubos e efeitos visuais incríveis), apresentando as versões mais recentes dos programas, sendo por isso mais instáveis. O suporte é conseguido junto das comunidades online que utilizam o mesmo sistema.

Do feedback recolhido com os problemas, criticas e satisfação dos utilizadores, as empresas e a própria comunidade que desenvolve o software têm à sua disposição ferramentas muito mais poderosas de consulta do seu mercado, do que qualquer software Proprietário.

As versões pagas apresentam vantagens em relação às grátis, das quais se destacam o suporte fornecido pela empresa que desenvolve o software e o envio de manuais.

Por outro lado, as versões dos softwares incluídos são mais estáveis, assim como a integração de software é mais facilitada com a inclusão de drivers proprietários de fabricantes de Hardware.

Imagine-se o caso de utilização de uma Distribuição Linux por uma empresa: é preferível pagar uma licença e saber que, se existir um problema, este terá uma resolução rápida. Normalmente, as licenças por si só são baratas e são válidas para mais do que uma instalação (em oposição ao que conhecemos no Windows: uma licença, uma instalação numa única máquina!).

E quem o utiliza?

Uma das questões que eventualmente poderá colocar é esta: e quem o utiliza? A resposta é surpreendente: todos nós!

Senão, vejamos: quando navega na internet e escreve um endereço de um site, começa com http://www, certo? E já reparou que se utiliza o Windows o caminho para um directório é c:\\Windows? Pois é, a diferença está nas barras. O Linux utiliza a barra “inclinada” para a direita (exemplo: system:/users).

O que acontece é que embora existam alguns servidores Web em Windows, a grande maioria é Linux. Por isso, mesmo que indirectamente, todos estamos a utilizar o Linux quando navegamos na Internet.

No entanto, existem inúmeras instituições e empresas que utilizam o Linux em Servidores e em Postos de Trabalho. Destacamos apenas algumas das que recentemente foram noticiadas pelos Meios de Comunicação Social: Ministério da Justiça Português, ICEP, BBVA, Gás Natural de Espanha, UZO, Exército Suíço, Parlamento Francês, Nokia, Peugeot/Citroen (neste caso estão em causa 20,000 Computadores Pessoais e 2,500 Servidores!), Câmara Municipal de Amesterdão e Virgin América.

A Comissão Europeia publicou um relatório de 287 páginas relativo a um estudo denominado “Impacto Económico do Software Livre na Inovação e Competitividade do Sector das Tecnologias de Informação e Comunicação na UE” disponível no endereço http://ec.europa.eu/enterprise/ict/policy/doc/2006-11-20-flossimpact.pdf.

Neste estudo desenvolvido pela UNU-Merit, uma instituição de investigação da “United Nations University” em Maastricht na Holanda, conclui-se que a utilização de Software Livre representa um retorno de 263 biliões de Euros. Destaca-se igualmente uma das conclusões deste estudo, no qual é solicitado aos Governos da União Europeia a adopção do software OpenOffice na Administração Pública e no Ensino, pois verifica-se que a produtividade da sua utilização é tão elevada como a gerada pela utilização de Software Proprietário.

Existem equipamentos com Linux?

Existem diversos equipamentos que utilizam o Linux e quando os utilizamos, muitas vezes nem o notamos...

No caso dos Routers, um bom exemplo é o Fritz!Box. Neste equipamento a interface Web é de tal forma simples que nem se imagina a complexidade que se processa por trás da imagem simples do Browser. Outro caso interessante é o do Linksys WRT54G.

No Japão foi lançado o Leitor de mp3 Wizpy, e o projecto “One Laptop per Child” - uma poderosa ferramenta de aprendizagem criada especialmente para as crianças mais pobres que vivem nos lugares mais remotos, baseia-se no Sistema Operativo Linux. Esta é uma iniciativa que vale a pena conhecer no endereço http://www.laptop.org/.

A Nokia, principal fabricante de telemóveis e equipamentos portáteis, também se rendeu ao Linux e incluiu-o no modelo N770 e no seu mais recente N800. Aliás, nesta área não é a única, também a Motorola lançou o Modelo A910 baseado em Linux e Java. Ainda como curiosidade, está previsto o lançamento de um modelo da Marca OpenMoko, o futurista neo1973.

E se a PS3 pudesse correr Linux? E não é que pode?! Basta utilizar a Distribuição Yellow Dog da Empresa Terra Soft!

Já chega de equipamentos menos “normais” para encontrar o Linux... vamos falar de computadores.

Para o Linux, a rede e a Internet são essenciais. E não é por acaso que o encontramos na maior parte dos Servidores Web que utilizamos quando navegamos na Grande Rede Mundial (www).

Aliás, não só como servidor web (Apache), mas como Servidor de Correio Electrónico, FTP, NAS (Network Attached Storage – um computador que funciona como se um ou mais discos em rede se tratasse) ou VoIP.

OpenSUSE, SLE e Caixa Mágica

Como foi referido, em Linux existem várias Distribuições, mas cada uma delas não faz todo o trabalho de desenvolvimento de raiz.

No caso da Novell, esta empresa desenvolve duas Distribuições: OpenSUSE e SLE. Por sua vez, a portuguesa Caixa Mágica é desenvolvida sobre a SUSE. Nos próximos artigos vamos apresentar Distribuições baseadas em Red Hat e Debian, entre outras.

O OpenSUSE é a distribuição gratuita da Novell. Actualmente a versão disponível é a 10.2, mas já está na calha o lançamento da versão 10.3...

Actualmente a instalação de qualquer Distribuição é muito simples: basta colocar o CD ou DVD e iniciar o computador (não esquecer a necessidade de o BIOS estar programada para arrancar pelo drive, como referido antes). Toda a instalação de software e hardware é automática e quase dispensa a intervenção do utilizador. O único momento “crucial” é a decisão em relação ao particionamento do disco: se não existir qualquer Sistema Operativo instalado, pode optar pela Partição automática. No entanto, se já tem um outro Sistema Operativo e pretende utilizar em simultâneo com o Linux, então deverá escolher uma opção que indique a utilização de uma partição não utilizada ou do espaço livre existente no disco.

Contrariamente ao Windows que pode ser instalado numa partição única, o Linux necessita de (pelo menos) duas partições: a primeira denominada “/” que é a raiz onde será instalado o Sistema Operativo e a segunda denominada “SWAP” que funciona como extensão de Memória Virtual. Em alguns casos é recomendada a utilização de uma terceira partição “Home” na qual se encontram as áreas dos utilizadores. Esta formula de particionamento permite que no caso de uma formatação do disco na reinstalação de Sistema Operativo, nunca se percam os dados dos utilizadores.

Em seguida apenas é solicitada a indicação do idioma pretendido, fuso horário, palavra passe do utilizador “root” e criação de utilizadores do computador. É permitida ainda a instalação de pacotes actualizados via Internet, desde que a ligação seja possível, instalando pacotes mais recentes do que os incluídos no CD.

Nos casos em que o Linux é instalado em conjunto com outro Sistema Operativo, aparecerá um menu inicial no arranque o qual permite ao utilizador a escolha dos Sistema que pretende utilizar. Por defeito ficará um dos sistemas, o qual será iniciado ao fim de alguns segundos, se nenhuma escolha for efectuada.

A instalação do OpenSUSE não foge à regra, e nela é permitida a opção de um Ambiente Gráfico (KDE, Gnome ou “Outro” - nas próximas edições conhecerá melhor estes ambientes gráficos). No entanto, após a instalação inicial é sempre possível acrescentar outros Ambientes Gráficos.

Até nos Ambientes Gráficos encontramos diversidade! Em oposição ao Windows, no qual temos sempre o mesmo Ambiente Gráfico (no limite podemos aplicar Skins para alterar a aparência, mas nunca deixamos de utilizar o mesmo Ambiente...) em Linux podemos optar por vários Ambientes Gráficos e utiliza-los alternadamente no mesmo computador. Se prefere o KDE, mas outro utilizador tem o GNOME como Ambiente, basta iniciar cada qual a sua Sessão e os Ambientes são personalizados.

Todas as versões SUSE e suas derivadas utilizam os pacotes RPM, simplificando a instalação de aplicações, bastando um clique para que as mesmas iniciem a sua instalação. Esta forma de instalação de programas e as alternativas são objecto de análise aprofundada em próximos artigos...

No Ambiente Gráfico KDE, o menu K (similar ao botão iniciar do Windows) foi substituido pelo Kickoff. Esta mudança é comparável com a diferença entre o Menu Iniciar do Windows Xp e o do Windows Vista.

No Kickoff temos 5 áreas distintas: Favoritos, Histórico, Computador, Aplicações, Sair.

Nos Favoritos, o utilizador pode colocar as aplicações frequentemente utilizadas, de modo a facilitar e agilizar o seu acesso.

A secção Histórico apresenta as aplicações, ficheiros e pastas recentemente utilizadas. Assim, esta é alterada de forma dinâmica em função da utilização.

A área Computador possibilita o acesso à Informação e Configuração do Sistema, às pastas pessoais (Pasta Pessoal, Documentos e Rede) e aos discos existentes no computador.

Nas Aplicações, encontramos uma divisão agrupando por tipos os programas instalados (Aplicativos, Escritório, Gráficos, Internet, Jogos, Multimédia, Sistema e Utilitários).

Por fim, o Menu Sair permite Fechar a Sessão, Trancar a Sessão, Trocar de Utilizador, Desligar o Computador ou Reiniciar o Computador (se existir outro Sistema Operativo instalado podemos neste local indicar qual o desejamos no arranque deste reinicio).

No topo do Kickoff encontramos um local para efectuar pesquisas, utilizando a poderosa ferramenta Kerry Beagle, um motor de pesquisas de Desktop a apresentar em profundidade num dos próximos artigos. O resultado das pesquisas é dividido por Aplicações, E-mails, Ficheiros, Histórico de Browser e Documentação. Em cada uma destas áreas aparecem os items com a palavra pesquisada no nome e no conteúdo. Tudo isto com resultados instantâneos!

A utilização deste Ambiente Gráfico é muito intuitiva, principalmente para utilizadores habituados ao Windows.

O OpenSUSE 10.2 vem recheado de aplicações. No Quadro “OpenSUSE 10.2” apresentamos um resumo das principais aplicações constantes desta Distribuição.

OpenSUSE 10.2

Software Incluído:

  • Linux Kernel 2.6.18

  • KDE 3.5.5 (Ambiente Gráfico)

  • GNOME 2.16.1 (Ambiente Gráfico)

  • OpenOffice 2.0.4 (Suite de Produtividade)

  • Koffice 1.6.0 (Suite de Produtividade)

  • GIMP 2.2.13 (Editor de Imagens)

  • Firefox 2.0 (Navegador Internet)

  • Thunderbird 1.5.07 (Cliente de E-mail)

  • Amarok 1.4.4 (Leitor de Multimédia)

  • Kaffeine 0.8.2 (Leitor de Multimédia)

  • Banshee 0.11.2 (Leitor de Multimédia)

  • K3B 0.12.17 (Gravador de CD/DVD)

  • Apache 2.2.3 (Servidor Web)

  • Bind 9.3.2 (Servidor DNS)

  • Samba 3.5.5 (Gestão e partilha Windows)

  • Sendmail 8.138 (Servidor de E-mail)

Relativamente ao SLE (SUSE Linux Enterprise), a versão da Novell mais estável, é direccionada para o mercado empresarial.

Usualmente o mercado empresarial prefere versões testadas e maduras, abdicando das últimas versões de cada uma das aplicações. Por outro lado, esta versão não é gratuita... Os preços variam entre os 47,00 Euros para uma licença anual da Versão Desktop até aos 3113,00 Euros na subscrição da Versão Server para 3 Anos e com Suporte Prioritário.

Em Portugal, a Caixa Mágica (www.caixamagica.pt) desenvolve uma Distribuição Linux baseada em SUSE Linux.

Pode ser obtida através de Download gratuito ou por compra do DVD.

Os preços variam entre os 99,00 Euros para a versão Desktop e 188,00 Euros para a versão Server. A principal vantagem para além do envio dos DVDs e do Manual é o suporte que recebe o titular do Software.

No aspecto gráfico, e independentemente da versão paga ou retirada da Internet gratuitamente, o Caixa Mágica 11 é de facto muito semelhante ao SUSE, mas a sua mais-valia é o suporte (Drivers) que traz nativamente para equipamentos utilizados em Portugal, tais como Modems ADSL, Placas 3G, etc.

Os requisitos mínimos (ver Quadro “Caixa Mágica 11”) mostram que pode ser instalado e utilizado em qualquer computador. No entanto, para que se possa tirar todo o proveito deste sistema, é conveniente uma configuração bastante acima da recomendada...

Caixa Mágica 11

Requisitos Mínimos:

  • Processador Pentium II a 350 Mhz

  • 64 Mb de memória RAM (128 recomendado)

  • Disco rígido com pelo menos 4Gb

  • Leitor de DVD

O que vem a seguir?

No próximo artigo, vamos ficar a saber por que motivo os vírus não são uma ameaça em Linux... Mas, para que servem os Anti-Vírus, se não existem vírus?